O passado

No caso de o passado ter me dado todas as respostas, acredito que sim, eu o encerro. Encerro tudo o que me trouxe vida, estrutura e porque não confessar, felicidade.

A árvoreSe a vida é uma grande árvore, que o passado seja as raízes, com suas lições em grande parte amargas, pois concentradas, após desidratar ao sol. Os meus sonhos, por tanto tempo, nutridos a sombra, hoje em retorno à natureza, podem ser os minérios necessários ao tronco elegante e a expansão de folhagens, alimentos para arbustos e esses abrigo aos pássaros.

Perceba que estou resistindo a tentação de tornar todo esse campo, um lindo jardim, com uma colina inteira só de gramas limpas e macias para correr e rolar com a inclinação, sem esforço, só entrega às leis físicas, as quais regem o planeta Felicidade. Mas é o passado. Devo deixá-lo como está.

Quero coisas boas, porém tantas… Como cuidar de tantas?
Ah, claro… as pessoas. Coloquei tudo ao alcanse da vista, menos pessoas. Deve ser atitude de árvore, misto de Yavanna — a provedora de frutos e Vána — a sempre-jovem, envolvidas com frutos, flores e pássaros.
O dia 25 de março foi feliz, apesar de só citá-lo dois dias depois.

O medo

portas

Fechei as portas do coração ao medo. Ele chegava com aquela expressão de culpa e desespero. Quando elevou a perna e ia pisar em solo afetivo, eu o impedi de entrar. 

Bateu em todas as janelas, forçou a porta, se debateu contra as paredes, até desistir. Não abri. Sei que andou por aí feito mendigo, bebendo qualquer tipo de água, afinal a água limpa não é pública, é privada. Vou vivendo a minha vida, estou segura. Aqui ele não entra. Talvez vá pegar doenças… Pensei… Ah, dane-se. Eu o mantive fora de mim, sem qualquer abertura. Diálogo nem pensar. Até que o vi tombar.

No começo eu estava mais lenta, depois um pouco mais pesada, em algum momento percebi que arrastava um meio-morto enquanto seguia com a vida. Era o medo. Confesso que fustiguei o desgraçado, filho da mãe. Sai de mim! Não quero te ver, não quero te ter, não quero o teu amor. Nada, nenhuma reação. Apenas fiquei mais fraca.

Tento saber como fazer para cortar fora, algo que não desata. Aproveito que ele não se move mais e dou umas cutucadas para ver se não é trapaça. Coragem, coragem, só chegar perto e ver como me livro da praga… Ao despi-lo, para descortinar possíveis artimanhas, descobri que era pura veia e músculo retesado, sofrimento puro. Sem máscaras. Apoio sua cabeça para um maior conforto e me afasto. Ao voltar o olhar fico petrificada… Era eu! Era eu veia e músculo, na porta da desacordada. O pavor me acordou.

Sentada, com o coração aos pulos, pensei muito, a imagem ainda impregnada.

Hoje, abro as portas do coração ao medo, talvez ele não esteja tão próximo que facilmente eu o encontre. Mas, vou buscá-lo e falar que seu espaço, na sala mais aconchegante do corpo, está reservado. Abrigo que eu nunca deveria lhe ter negado.

Arthur Clarke – Um dos “Big three” da Ficção Científica

Hoje sou o próprio Marvin

Esse homem, para mim, foi o pai intelectual que eu procurava. Ele mesclava sensibilidade, capacidade investigativa, e sagacidade, necessárias para divulgar ao grande público suas idéias avançadas com estilo. Ficção Científica, um nome bem apropriado para divulgar premonições. Arthur confessava que a imaginação tomava conta dele.

O homem que nos obrigava a olhar para o amanhã e não fugir dele Continue lendo

Se… Anime

AnimeXtreme está aí de novo. Impossível não confluir

Sei que educação é complexidade pura, chegamos até aqui através de muita experiência, vivência, pesquisa. Há pessoas trabalhando para absorver métodos de inserção da cultura atual no ensino escolar. Há, porém, na juventude uma pressa, uma expectativa natural que parece prestes a derrubar todas as cercas, todas as grades, todos os muros que existem entre o método de ensino e o aprendizado, sem abrir mão do que consideram “vida”. Continue lendo

A guria

Amor… a guria quer conhecer o que considero o inferno de Dante. Fala com entusiasmo, faz planos, prepara tudo, até a mala. Olho para ela… pura concentração em busca de possíveis lapsos: Não esqueci nada?

[…] Amor, ela se foi.

[…] Amor… a guria quer discutir com Dante, no mundo dele, está claro que ele não vai modificar sua “obra”. Continue lendo